De onde você tira suas idéias? Aquelas em que eu sou mau e você é um doce. Vamos deixar bem claro que um doce, pra mim, é como você quer ser. Mas alguma coisa te impede. Se eu estou aqui, neste exato momento, é pura e simplesmente porque você quis assim. Não sou de extrapolar barreiras onde possamos correr infinitamente e permanecer num mesmo lugar. Só estou aqui porque tudo o que me pediu, foi. Desde quando eu entendo dos seus desejos, não é mesmo? Enrolo, faço e disfarço como quem não quer, na verdade nunca quis, não pude. Foi só um simples momento e de lá perdi as rédeas.
Se o meu cansaço pudesse ao menos ser impresso. Saberíamos que as tintas faltariam pra escrever o que era preciso. Foi um caso involuntário, o de outrora. Deste já não consigo achar explicação. Antes eu queria como o próprio ar, agora nem mais. Falta-me o fôlego pra imensidão de seus hiatos. Não é possível que eu te veja assim, tão amável. Você foi aquela que arrancou meu ar e eu tomei isso como uma coisa boa. Talvez meu coração hipocondríaco de hoje saiba melhor conviver com estes lapsos. E me sopre no ouvido o que eu preciso escutar.
Foi-se tão rápido que nem as cores ficaram. Lembro pouco do dia quente, porque nele nunca mais estive. Estranho qualquer fulgor que me passa por um segundo e lá estou de volta ao meu iglu de natal. Sabem-se lá quantas estações já passaram. Sei que estamos milhas e milhas de distância. E eu pensava que poderia contá-las, quanta ingenuidade. Tão logo seu rosto borrou nas lembranças, já não fazem mais memória como antigamente não é? Somos mais dois passos impulsivos, sem saber pra onde iríamos, só queríamos sair. Encontrei muitos cacos daquele que era. Mas só agora me completei.